quinta-feira, 23 de maio de 2013

Querido, (só que não) finado vovô Murphy!


Escrevo-te cuidadosamente esta cartinha, pois desejo sinceramente declinar da herança genética que o senhor me deixou. Sim, meu caro, faço questão de ser deserdada. Anseio pela exclusão dessa minha maldita carga ribonucleica recebida, indesejosamente, como testamento.

Desde que o Senhor amaldiçoou o pãozinho que caiu com o lado da manteiga no chão, o azar resolveu fazer parte da nossa família. Ia tudo muito bem com a patente de Major e o salário gordo que o diploma de engenheiro lhe propiciou, quando de repente zicou tudo! Permita-me dizer que faltou humildade pra limpar a lambreca da manteiga no chão e amaldiçoar o pãozinho do seu Manoel. Tenho pra mim, que tem um dedinho de maldade da esposa cigana dele. Depois disso, nem precisou do Diabo amassar o pão. Fudeu.
Na manhã seguinte o Senhor todo cheio de pompa e circunstância saiu arrotando que seria promovido a astronauta chefe. Porra! Marrento você!!! “Passarinho que come pedra sabe o cú que tem”, já dizia a vovó Dercy. Não preciso nem dizer que deu merda, num experimento besta pra testar a gravidade, testou foi a paciência do General. Deu tudo errado! Você foi exonerado, ficou endividado, teve que mudar pra um país de terceiro mundo, começou a beber, vovó descobriu que você era veado e morreu com raiva animal dois dias antes do governo liberar vacina de graça. Se tem amizade mais sincera que a sua com o Azar desconheço!
Dois dias depois o cara de pau do seu suposto melhor amigo John Stapp substituiu você na Nasa e o engraçadinho ganha dinheiro até hoje com a patente de uma suposta Lei que avacalha com a honra das próximas quinze gerações da nossa família: "Se algo pode dar errado, dará!"
O problema é que a netinha aqui tá cansada dessa probabilidade. Considero o fato de ter nascido pobre, brasileira e ser professora seja o suficiente. Mas não.
A banana que eu como vira celulite na minha bunda segundos depois de cheirá-la, enquanto na patricinha, banana é coisa light!
Se num raio de alcance de 30 Km houver algum cafajeste, ele me encontrará! Se me der moral será feio. Se for bonito estará casado. E se for bonito e solteiro eu vou estar acompanhada! Porque na minha vida os caras legais são muito feios, os bonitos nunca são legais e os caras bonitos e legais são gays!
Se eu andar de bicicleta não importa em que direção eu vá, será sempre morro acima e contra o vento! Eu nasci com duas mãos esquerdas e todo trabalho manual ou desenho que eu faço se parece com qualquer coisa que um retardado faria muito melhor!
Em qualquer esporte que eu praticar a única falta que o juiz vai apitar é a que eu não cometi.
Minhas encomendas sempre levam o dobro do tempo que levariam pra uma pessoa normal e quando chegam estão quebradas ou incompletas.
Se eu deixar alguma coisa importante cair no chão, a coisa se esconderá magicamente no canto mais inacessível do aposento. E ao procurar a tal coisa todas as quinas de mesa encontrarão a minha canela.
Os vírus que atacam os meus computadores só deletam os arquivos que não tem cópia. E seja qual for o defeito do computador ele vai desaparecer na frente do técnico, retornando no segundo seguinte em que ele se retirar.
Nenhuma criança limpa e cheirosa quer meu colo, já o oposto...
As provas mais difíceis da minha vida se baseiam sempre na única aula que eu perdi! E a citação mais valiosa da minha redação é exatamente aquela do autor de cujo nome não me lembro.
Quando eu jogo algo fora, no dia seguinte passo a precisar do artefato. Todas as partículas voadoras encontrarão minha retina. E a única hora em que as pessoas realmente reparam em mim é quando eu cometo uma gafe!
E não tem fim, sempre pode piorar, principalmente por causa da minha imaginação...

Poxa vô, chega! Devolvo o presente de grego. Esse azar 'filhadaputenho' que me acompanha desde cedo. Mesmo que sem reembolso. Deixa o que está estragado como está, burlei a falta de dinheiro com a esperteza, mas de agora em diante reservo-me o direito às avessas de ser ao menos “carta branca”, a sem graça, a mais ou menos apagadinha.
Afirmo ser verdade que desisto de toda a azarenta herança de lei. Assinado. Lavrado em cartório, em água benta, arruda, pé de coelho, ferradura e trevo de quatro folhas. Pronto.

Essa invenção de lei, ex-vovô, é  terceira coisa mais inútil que o senhor deixou como legado depois das ações da Avestruz Master e do CD autografado do Marcelo Barra.

Katyucha Murphy Ramos 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Namoro de cú é rôla!


Ultimamente meu coração virou lata, dessas bem divertidas pra se chutar, jogar de um lado pro outro, brincar de bater e tocar, amassar depois de usado, e atirar na cabeça de cantores de axé que teimam em tocar modinha no Rock in Rio. Catar e cuidar que é bom ninguém quer!
Outro dia aquela tia pentelha que não me vê mais do que uma vez ao ano, fez aquela perguntinha cretina que parente adora: “Filha, e o namorado?” – assim como quem pergunta do animal de estimação, da roupa nova ou da sua carreira. É uma bosta mesmo! Respondi na lata e acabei constatando que é sempre a mesma resposta, tão cretina quanto a pergunta: “Tenho isso não, tia!” – isso, empregado assim com desprezo e desprendimento, como se eu não precisasse do pretendente a namorado, rebaixado desse modo a um mero acessório. Sabe como é o velho estigma da raposa e as malditas e inacessíveis uvas verdes.
A parenta chata perguntar isso tudo bem, difícil é o bullying social implícito que os amigos menos chegados praticam com você! Quando se aproximam as datas românticas, seu aniversário ou o casamento dos outros. Se você não aparecer acompanhada, qualquer olhar de peixe será intimidador.
Você pode até pensar “e daí se eu não passar o dia dos namorados com um namorado? Eu não passo o dia do índio com um índio, nem o dia da árvore com uma árvore, tampouco o dia da independência instaurando a dita cuja”. Gracinhas a parte, devíamos sim fazer tudo isso, inclusive ter direito a um namorado bem interessante como presente do famigerado dia dos namorados! Por mais segura, inteligente e bem humorada que você seja bate uma sensação estranha de incompetência, como se a culpa fosse totalmente sua da escassez de candidatos ao compromisso mais sério do que sexo, drogas e rock´n roll. Há uma parcela de culpa sim, mas grande parte é do sistema, louco, invertido e cruel. As pessoas buscam sim seus companheiros ideiais, mas não possuem a menor consciência do que é realmente ideal pra elas. Falo da falta de consciência a respeito de si mesmo e das necessidades de cada um, consciência verdadeira, despida da falsa propaganda midiática sobre o parceiro adequado. Blá, blá, blá...
Essa semana, quando de pavio curto, ou seja, no meu modo operantis costumeiro, um desavisado veio me questionar sobre meu ex namorado. Respondi redondinho: “namorado de cú é rôla”.
Não se pergunta de ex-qualquer coisa sem que se tenha um certo nível de intimidade, ora! Pra quem não conhece essa mania besta de emendar qualquer coisa com a expressão “de cú é rôla”, saiba que atualmente tem sido a queridinha dos escrachados, essa expressão consegue sintetizar total descontentamento com determinada proposição cheia de verdades absolutas. “De cú é rola” rebate gloriosamente qualquer insinuação por mais prepotente que ela seja! Além disso, é promíscua que só, universal, dá pra tudo e todo mundo. É só analisar bem, pode ser usada em qualquer, repito, qualquer situação: amor de cú é rôla, amante de cú é rôla, falta de criatividade pra terminar o texto de cú é rôla... bem, a esta altura todo mundo já entendeu! Até a Luíza que estava no Canadá.
O fato é que namorado mesmo que é bom de cú é rôla! Tem não! E me abstenho de qualquer insinuação ou efeito resultante dessa afirmação. Pronto. Incompetência minha de cú é rôla, tudo que eu disser agora de cú é rôla. Fudeu de vez. Era mesmo tudo o que eu precisava. Se alguém, inclusive algum pretendente, depois de ler esse texto tinha dúvidas sobre a minha pessoa, agora vai ter certeza. Certeza que eu sou uma idiota. Boca suja e... O que você pensa de cú é rôla!
Mal escrito e compilado por Katyucha Ramos

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Minha lista overdose

Overdose é coisa de gente famosa ou extremamente rica. Gente que se estapeia com o mundo desde que nasceu. Gente que sofre muito e se droga para entorpecer as estranhezas e abafar o grito da loucura interior. Coisa de poeta (me refiro aos bons), de músicos transcendentais, de personalidades fascinantes demais para o planeta terra, de cineastas visionários e de atores e atrizes cults demais pra viver!

Eu. Fico aqui no máximo fazendo cosplay de invejosa quando estou sofrendo uma crise existencial, curtindo meu vazio besta nos dias melancólicos ouvindo Cássia Éller, Amy Winehouse, Janis Joplin, Elis e Nirvana e lendo Charles Bukowski.

Sim, eu concordo com Cazuza, meu poeta social, em gênero, número, grau e revolta. Esses malucos são meus heróis, meus exemplos e morreram de overdose. Já eu, se o fizer, ninguém vai entender o princípio. A mensagem implícita no ato. Ninguém entenderia a poesia impregnada cuidadosamente sob a tragédia pessoal. Desde a cicuta até o extrato da papoula. Do veneno a heroína.

Vivemos numa época alienada. Inculta. Que não consegue entender o abismo entre a imergir e emergir. Na dúvida afogam-se todos parvos e ineptos. A síndrome do pombo enxadrista está dominando essa geração: néscios arrotando vitória depois de simplesmente cagar no jogo.

Não, overdose assim cheia de significado e poesia definitivamente não é pra mim. Que prepotência a minha! Mas então o que sobra? O que eu faço quando eu não aguentar mais gente cocô que ainda por cima manda na gente? Quando eu não suportar os pombos enxadristas? O pé na bunda do ex que tolheu uns bons anos da minha vida e no final me trocou por uma adoradora do funk? Dos ladrões, dos assassinos, dos vilões à solta e nenhum herói de verdade?


Encontrei um meio termo hoje e vou aceitar, porque não faz sentido se revoltar sempre sem ao menos uma válvula de escape. Qualquer sistema operacional se fode inclusive os menos evoluídos como o meu cérebro. É assim: algumas pessoas à beira da morte fazem listas e realizam seus anseios mais secretos. Coisas que passaram uma vida inteira com vontade de fazer e na hora de bater as botas tomam coragem e fazem. Eu decidi que já que não estou com uma doença terminal (graças ao bom Deus) e também já que não irei matar minha raiva, minha depressão e minha melancolia me dopando com algum tóxico só pra constar no óbito "morreu por overdose". Vou antecipar a lista e nomeá-la de overdose. Não sei se é realmente poético, mas é limítrofe, vá lá! 

Minha lista tem de tudo, desde as coisas banais que a gente deixa de fazer porque sai de moda ou por educação, até mesmo as coisas mais importantes que a gente vai deixando pra depois e quando vê descobre que já está no final da vida.
Estou ensaiando a gargalhada escrota só pra soltar de repente no cinema.
Preciso salvar uma pessoa e depois me apresentar como dublê.
Fazer um teste drive num carrão e depois dizer "Ah, eu sabia!" e correr da loja
Pegar numa tarântula bem cabeluda e perguntar: "Araguogue é você?
Visitar uma pirâmide, olhar para o turista mais próximo e revelar: "Eu fui Cléopatra na vida passada - rs.
Abraçar a maior árvore que eu encontrar e contar pro meu filho que é uma descendente do pé de Feijão do João.
Observar uma tempestade em alto mar cantando "I´m singing in the rain!" segurando um guarda-chuva
Gritar na proa de um cruzeiro à noite: "Iceberg!"
Inventar o próprio idioma - tá pensando que só o Tolkien consegue, com certeza sim, mas eu vou tentar! Rs
Viajar de balão e cuspir lá de cima e depois gritar bomba!
Participar ou iniciar uma guerra de comida. Uhul!
Escalar uma montanha sozinha e colocar uma plaquinha no topo e cantar Queen - We are the Champions. Pensa?
Fazer xixi na neve.
Subir no maior edifício que eu encontrar e gritar asneiras bem alto do topo.
Comer tomates verdes fritos por causa do filme
Falar com um sotaque por um dia inteiro
Fazer de uma barata um animal de estimação e apresentar para alguém  colocando na mão da pessoa afirmando que ela é adestrada!
Sentar na mesa do restaurante com um estranho e comer com ele
Roubar uma placa de trânsito (colocar exposta na sala)
Dar um beijo na chuva
Ir a um cinema drive in e a um museu de cera
Visitar a grande muralha da China e se apresentar a todos como Mulan
Entrar de penetra num casamento e interromper: "Seu padre, quando é que você vai perguntar quem tem alguma coisa contra esse casamento? E se o padre responder: "Por que, minha filha, você tem alguma coisa contra? Eu responderei: "Não só pra saber mesmo, é que eu nunca assisti um casamento que o padre realmente pergunte isso, pergunta aí!
Inventar uma dancinha da vitória (acredita que não tenho uma ainda?!)
Interromper um casal se beijando, apontar para um dos dois e gritar "eu sabia que você me traía" chorar e depois voltar dizendo que foi engano.
Beijar um estranho
Morar em Nova York
Dormir sob as estrelas
Parar de elogiar Clarice Lispector e Caio Fernando de Abreu só porque os outros gostam...

Então é por aí... todo dia eu risco algo que faço e acrescento um ítem novo. Pode parecer besteira, mas me distrai das dores da vida, da vontade de morrer logo...
E você, já pensou numa lista?

Mal escrito por Katyucha Ramos

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Tammy Gretchen sabe mais!

Rafaela tem os olhos verdes, 1,70m de altura, é esbelta, charmosa e incendeia sensualidade sem querer. Ela é sexy do tipo nem sabe disso! Que é o melhor tipo, o tipo despretensiosa e engraçadinha. Ela tem 30 e poucos e apesar de se vestir como uma adolescente, o jeans combina com ela como ninguém. É um charme de mulher.

Marcela é mais jovem, 26 anos, doutoranda em matemática. Uma loura impecável, olhos claros também. Financeiramente bem estruturada e com uma personalidade forte e decidida.

Sheila é uma morena de bem com a vida, olhos negros, cheia de curvas e que adora a sua profissão. É uma das poucas mulheres que conheço que realmente ficam muito bem com os cabelos curtos sob os ombros, exibindo autonomia e uma postura de mulher bem resolvida.

O que elas têm em comum? A minha amizade, ótimo caráter, um papo interessante, inteligência e o status de solteira - quase desistindo - no facebook.

Essas mulheres são admiráveis e sempre que as vejo arrasadas por não encontrarem namorado eu fico revoltada. O papo é sempre o mesmo: cadê os homens? Os homens reais, os normais que assim como elas valorizam a personalidade, o humor e o caráter? Homens que se forem inteligentes se apaixonariam por elas perdidamente! Enlouquecidamente! Sumariamente! 

Juro que se eu tivesse uma tendência homossexual um pouquinho mais aflorada já teria me declarado para uma das três, porque são mulheres maravilhosas. Não merecem ficar sozinhas como se tivessem sobrado. Se  quer saber elas não merecem competir com as piriguetes, elas estão muito acima das futuras ex-mulheres-do-Catra. Não entendo, não entendo mesmo porque os homens preferem  um console peito e bunda, quando podem ter praticamente um *jarves.

Tammy Gretchen que viveu duas vidas tão diferentes é que escolheu bem. Foi dublê de bunda da mãe, mas acabou escolhendo se despir do top de bunda que usava como saia, para amar as mulheres. Espertinha essa garota! Porque tá sobrando mulher de verdade...É um banquete sem competição e cada vez mais sem resistência. Que mulher não se derreteria por outro ser que se sensibilizasse pela sua inteligência, mesmo que esse ser fosse também do sexo feminino? "Muita gente virando a pá!" Afinal, os homens continuam buscando zumbis de buceta, ou no caso de alguns deles, buscando também outros homens.

E eu? Eu estou muito mais lascada que elas. Estou em última nessa fila tanto no quesito beleza quanto inteligência. Status atual: hétero esquisitinha fudida! Anotação mental importante: mais silicone e mini-saias, menos especializações e mestrado.


*Jarves - sistema inteligente autônomo, cérebro virtual - Filme Homem de Ferro.
By: Katyucha Ramos

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O que eu não quero e o Buda da bunda branca

Goiânia, 1980. Muitos anos depois e eu posso afirmar que enfim me apropriei da ideia que define o que eu quero pra mim, o que realmente quero: alguém que goste de mim, como eu gosto de chocolate e rock! 
Simples assim. Só que não né! Rs

Nem Cazuza e as suas definições maravilhosas, tipo "segredos de liqüidificador", "piscina cheias de ratos" e "codinome beija-flor" explicaria melhor o tipo de relação me satisfaz atualmente, esse tipo especifico, que não admite uma versão inferior ou similar. Do tipo original e valiosa e que possivelmente se estivesse à venda ganharia slogan da apple: Iamor, Isexo, Icasamento. (Esse trocadilho foi péssimo, mas na minha cabeça estava engraçadíssimo!)

Sobre esse negócio de aceitar o que as pessoas nos impõem eu chamo de esconder   o Buda cagão. 
Há uns anos atras eu ganhei um Buda gordo numa posição engraçada, ele estava limpando a bunda branca com dinheiro, engraçadinho que só, mas bem desbocado também! 
Eu Tava numa posição bacana no emprego, tinha minha própria mesa e achei por bem colocar o Buda cagando  lá, ao lado do Pc e do porta retrato. 
Não contrariando a lei de Murphy e todo o azar que me compete, veio visitar-me o gerente mais pau no cú da empresa, que é claro, mandou-me, usando literalmente as palavras dele: "sumir com a porra daquele Buda feio dalí!" e ainda completou: "no dia em que você for a gerente, aí você põe a merda que  quiser na sua mesa!" 

Na época eu coloquei o rabinho entre as pernas e escondi o Buda sem-vergonha! Meu Buda ditoso. O Budinha que me lembrava de João Ubaldo de Melo Neto e a minha paixão por literatura desbocada. 

Tava certo, nunca cheguei a gerente naquela empresa e nem queria, mas quando mudei de profissão, mais experiente, mais porra-louca e mais segura de mim, me senti no direito de expor o meu Buda cagão, na falta de um pedestal indecente que combinasse, coloquei-o no centro da minha mesa! 

Foda-se quem não quiser apreciar, a intenção não é essa! Não precisa olhar se quiser, não precisa rir e nem gostar. Mas enfim, tenho o direito de querer do jeito que eu quero querer! De mostrar o jeito que eu gosto de gozar. De desenhar o formato das minhas vontades. E eu quero, quero querer e continuar querendo essa sensação de ser gostada, amada e desejada completamente. Sem frescuras e nem parcimônia. Chega de ocultar, chega de aceitar esconder o Buda Feinho e careca pra agradar os outros! A mesa é minha, a vida é minha a bunda também, oras!
Eu vou é
mostrar a cor da bunda branca do Buda e da minha pra quem eu quiser! Sob nova e determinada direção.

Ps: Recadinho carinhoso ao meu ex-gerente: vai tomar no centro da lóca do seu cú, meu querido! Obrigada.

By Katyucha Ramos

A biscate da Claudinha!

Depois de um cineminha, três chopps e um papo meia boca, ele sai com a esperança tosca de ter conhecido uma pessoa bacana, no caso: eu. Menos de três horas de encontro e ele acha que pode arriscar algum tipo de relação normal com a minha pessoa. Tenho palpitações só de pensar nos meses vindouros. Nos dias de agonia. Nos pequenos parênteses que virão. Mas parafraseando Renato Russo, "só por hoje" foi tudo bem! 
Consegui ser agradável e fiz ótimas inferências, o que deu a impressão de que sou mais inteligente do que realmente sou. Meu cabelo estava de ótimo humor, por isso o deixei solto o que me deu mais segurança, e me faz acreditar que eu estava aparentemente sexy. Fui engraçada na medida certa, controlando a ironia e demonstrando interesse no papo tijolo, quebrado e cheio de furos, que ele apresentou. Carinhosíssima! Quase aquela namoradinha perfeita que se deseja levar a uma viagem romântica ou apresentar para os amigos!
Certamente ele não percebeu o olhar de 'quase' pena que dirigi a ele no final do encontro.

Querido futuro-ex, saiba meu amado, que "se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim" e louca. Completamente louca. Louca de Pedra! Do tipo que vai te chamar de 'meu bem', e que vai te fazer todas as vontades ainda que com uma semana de namoro. Que vai virar o mundo do avesso se você não atender o celular vinte vezes por dia e irá te odiar de paixão só de imaginar que depois de mim, vai haver uma outra, que sumariamente vou nomear de biscate e apelidar de Claudinha!
Sim, porque toda Claudinha é biscate. Calma! Continue sentada lá, Cláudia. Xuxa, me ajude! Explico. Ou pelo menos tentarei! Conheço várias Cláudias, algumas muito chegadas, mas, amiga, amiga mesmo, sou apenas de uma em específico. Não dá pra arriscar ter mais de uma Cláudia no circulo de amizades sem colocar em risco as relações mais íntimas. Será que piorei as coisas? Provavelmente sim. Todas as Cláudias que conheço possuem uma libido acima do normal. Maldição do nome, acho. Se for gostosa então, pronto, custosa demais! Mas existem aquelas que estão sob controle, tranquilas, bem afirmadas em suas relações interpessoais, mas reafirmo, toda Cláudia tem veia pra devassidão. Assumam, gente, é melhor quando o fazem! Eu mesma, abraço a minha insanidade como quem abraça a mãe.

E falando em insanidade, querido futuro-ex, eu sou dessas doidas que sentem ciúme dos seus amigos, dessas pessoas ótimas que se parecem com você, que você adora, e que você conhece há muito mais tempo que eu! Seus amigos, essas pessoas ótimas que provavelmente serão os primeiros a saber que você está me trocando pela vadia da Claudinha, e que vão incentivá-lo até! E é mais provável ainda que eles tenham te apresentado a biscate da Claudinha!

Imaginando isso, tudo isso, depois do nosso encontro eu liguei para uns três rolos, o Paulo, o Danilo e o Leandro e deixei bem claro que estou disponível para saídas sem compromisso, seja lá o que for isso! A verdade é que eu sou dessas doidas covardes que quando percebem que podem se interessar por alguém, boicotam a coisa toda. Só pra banalizar a sentimentalidade e distribuir a renda. A verdade é que só faço isso com os que gosto de verdade, gostei de você! E parece que você gostou de mim, mesmo que seja por muito pouco tempo. 

Eu odeio os apelidos carinhosos que a gente usa infantilizando tudo. Mas guardo-os secretamente sob o travesseiro para amenizar o espaço vazio da cama. É. Eu sou tão doida que vou guardar as suas manias, e depois de um tempo vou usá-las, como se fossem minhas! Sim, eu faço essas bizarrices. Bizarra do tipo que vai te acordar à noite chorando, pensando na ex que você não gosta de mencionar porque provavelmente gosta muito ainda. E você, vai ficar com medo de dormir na minha casa.

Eu sou daquelas loucas ansiosas que vivem no futuro e adoram citar o passado. Louca do tipo que sempre antecipa uns três anos. Eu sofro antecipadamente o fim do namoro a cada pequena discussão. Eu penso nas lágrimas, nas noites insones, no arrependimento a cada ligação perdida. Eu visto o preto do luto sem desfrutar o colorido da nossa primavera. E sabe-se lá o porquê, eu ainda sim, prevejo que serei feliz por uns dois anos ao seu lado, até o dia em que a Claudinha, aquela perva, vai aparecer. Biscate!

Pense bem, querido futuro-ex, sou do tipo vaca de mulher, tipo vaca louca, que fuça no seu celular enquanto você cochila feliz da vida depois de uma foda boa, só porque eu ouvi o bip de mensagem, provavelmente da Claudinha. Do tipo baixo, que oferece o notebook para você usar na expectativa de que você esqueça seus e-mails e seu facebook aberto lá.  Doida do tipo que odeia os amigos que conheceram a sua ex e que ainda conversam com ela. E vou ficar querendo ligar pro Paulo, pro Danilo e pro Leandro pra me vingar das histórias engraçadas que seus amigos ótimos contam de você nas festas! E mais, não ficarei apenas na vontade, eu ligarei pra eles. Não porque eles sejam melhores que você. Pelo contrário. Ligarei principalmente, por causa do estigma futuro da Claudinha, sempre ela! Que não será inteligente, nem tão engraçada como eu, mas com certeza, será mais peito e bunda!

Olha, saca só! Ainda há tempo para fugir de mim. Pede pra sair, irmão! 

Faz assim, provavelmente depois de ler este texto, você vai ficar bem desanimado, no limbo confuso entre o que acredita e corre desembestado e aquele que acha engraçado minha sinceridade enfeitadinha de humor irônico. Corra! Mas não sem se lamentar, afinal não é todo dia que se conhece uma mulher como eu, tão louca, tão assumida, tão deliciosamente complicada. Mas creia-me é melhor assim. Vá logo conhecer a Claudinha e viver desatormentado, pois as biscates parecem bem mais simples!

Mas daqui alguns anos, quando você descobrir que a Claudinha é tão insuportável quanto eu, quem sabe algum amigo seu não me reapresente a você! E daí vai que a gente combine invertidamente bem! Loucura né? Pois é! Eu sei. Bem vindo ao meu mundo.

Escrito e mal elaborado por Katyucha Souza Ramos. (ficção, gente, ficção!)