O
que acontece com dois corpos de grandeza parecida que compartilham das mesmas
características de força e intensidade ao se encontrarem, convergindo para o
mesmo percurso? Um beijo Tsunami, um encontro furacão, uma vontade
tempestade... Devaneios subjetivos para uma questão objetiva. Deixo pra ele que
entende de Física. Ele, por sua vez, me respondeu impassível que se a colisão é
inelástica, não ocorre perda de energia, os corpos batem e ficam juntos.
Acrescentou mais um bocado de observações pontuais, mas enfim, nada poético,
embora ele seja o cara mais sensível que já conheci e embora a resposta nada
romântica ainda se encaixe em meu argumento.
Por
que não viver todo o tesão da lua, enquanto ela for mel... Por que antecipar os
anseios tolos, se eles já estão a caminho... e por que não celebrar o
interregno dessas projeções na falta nenhuma que elas fazem. Conjecturas
retóricas para questões que merecem respostas mais que intuitivas. Deixo para o
futuro que assim como Alberto Caeiro nunca tarda.
Saber
gozar sem repartir o dízimo da ressaca moral. Entregar-se sem sucumbir ao veredicto
avarento da culpa. Repartir-se sem o coitadismo matemático dos riscos. Teoremas
inquietantes que simplesmente carecem de aplicações funcionais, ou seja, a
prática do método: vá se meter com a sua própria vida e deixe a dos outros pra
lá!
E
pensando em deixar, deixo pra gente mesmo, cuja coragem que nos cega contraria todas
as predições... Pra gente, que se beija enquanto o mundo acaba em equações
infindáveis... pra gente, que tá cagando
pras regrinhas dos primeiros encontros. Pra gente, que vive pra gente.
Ponto.
Apreciar
a presença do amante sem procrastinações posturais (lê-se por isso o chamado
cú-doce), agradecer pela honestidade da relação sem questionar o merecimento,
duração e a natureza da coisa. Pra gente, se cheirando como dois animais,
reconhecendo instintivamente a mesma espécie de fera no outro.
Gostar
ou não gostar demais? Dizer ou não dizer que ama? A paixão deixa a pessoa
alienada? Transar ou não no primeiro encontro? Ligar ou adicionar no whatssap?
Casar ou comprar a droga de uma bicicleta? Pro CARALEO com essas etiquetas
relacionais!!! Manualzinho de encontros é muito útil pra fazer roteiro de
programa chato das manhãs derrota da rede globo.
Ser
subversivo, justiceiro de seu próprio destino. Gozar junto pra contrariar as
regras. Que regras? Vingar o passado de amores líquidos, bebendo direto da
fonte sem pudores. Dispensando a bondade ociosa dos conselhos cínicos de quem
supostamente quer o seu bem. Fazendo da imperfeição acessória quando juntos. Macumba
do bem, fazendo a felicidade e o amado voltar e ficar por mais de três dias! Dançar
pra quê na hora do acasalamento se a gente pode usar a criatividade? Deixem a
dança para o meu funeral. Agora, (suspiro) eu quero mesmo é aproveitar. Tirar
proveito. Prover amor. Se eu posso escolher a quem, que seja pra mim é claro.
Egoísmo, eu? Já falei, pro “caraleo” com as suas definições, que eu já limpei a
bunda com as minhas...
Enrascada emocional é coisa
de gente mesquinha com os sentimentos, que teima em dosar carinho e guardar o
resto debaixo do colchão. Coisa de quem tem memória de elefante pras
imperfeições do parceiro. Gente que vive se lamentando por não encontrar a
pessoa certa, enquanto a verdade é que “pessoa certa” é um botãozinho que nunca
esteve no outro. Mal escrito e compilado por Katyucha Ramos