terça-feira, 28 de outubro de 2014

Eu Prefiro ser uma uma Anomalia Sistêmica Contraditória do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo!!!

Admiro ainda mais os amigos que permaneceram ilibados em relação a essa orgia logorréica-política de polarização blá-blá-blá em tempos de apocalipse eleitoral. Os remanescentes das minhas redes sociais e da minha teia pessoal de amigos foram um grupo bem pequeno, que ainda que provocados, demonstraram uma fibra moral invejável. Segurando a dignidade até o fim, se apartando de assumir um pseudo-partido no meio dessa orgia insana que é o carnaval democracia. 

É que só hoje, não me contive de tanta vergonha alheia em mirar por um lado o rabo de uns, que foram completamente expostos na tentativa de catar os cacos da redoma quebrada e cujo frágil material era um compósito caro e imprestável formado por xenofobia, preconceito e elitismo. E infelizmente por outro lado lá estava arreganhada a buceta da pátria sedenta mãe, que aliciava pobres e ignorantes a desfrutarem de seus benefícios largos garantindo espaço e igualdade a todos no cabaré Brasil.

Somos todos requisitados pelo Bordel governo como quem caminha para o matadouro. O Cabresto da obrigação está lá pra lembrar. O cenário é literalmente uma Zona-eleitoral. A sodomia política é imposta como se fosse natural. A certa altura desse filme, o primeiro do gênero pornô-terror, vieram os debates novelísticos pra uma suruba ensaiada e broxante, depois deles os cantores com uma gang bang melosa. Os atores e as atrizes encenavam seus boquetes intermináveis nos canditados. Amigos e familiares masturbando boçalidades uns nos outros. Os candidatos gozando na cara da nação em horário nobre. Vomitei quando as igrejas coreografaram um fisting gospel com direito a replay. Nem o vídeo erótico mais sacana poderia prever uma putaria tão desvairada! Porque somos empalados do reto a boca de ideologias corrompidas desde o cerne.
Entre mortos e feridos, fuderam-se todos! E fuderiam-se do mesmo jeito se o resultado fosse diferente! Mas na loucura de muitos, preferem acreditar que têm escolhas! E agarram-se a essa mentira, como se dela, dependessem suas vidas.

Fiquei em choque com essa prevaricação insana! E ultimamente só há um discurso que representa minha estranheza, o qual imprimi tão escatologicamente explícito supracima, nesse aspecto e é um discurso ficcional, entre o personagem Arquiteto com Neo em Matrix Reloaded que o chamou de Anomalia Sistêmica Contraditória (Eita termo  verborrágico gostoso) 

O protagonista descobre que é um fantoche e que suas expectativas de mudança são ilusões apregoadas nele para o justo propósito de manter uma obtusa e necessária esperança, cuja finalidade é incentivar o desejo da preservação da espécie. Ele é manipulado pelo sistema, enquanto estiver agindo por ele. Neo fica confuso, faz muitas perguntas.
O arquiteto justifica que responderá as suas perguntas, mas que nem todas as respostas ele entenderá. E escolhendo um discurso hermético e polido ele foge das perguntas, dançando em torno delas, artifício político...Muito blá-blá-blá depois, Neo ignora a filosofia e sai pela porta "errada". Percebendo que estava entre a faca e o punhal, ele liga o fada-se e faz o que é relativamente melhor para si. Egoísmo?
Egoísmo seria se houvesse alguma escolha. Num cenário como esse em que não se pode evitar a crise, cuidar do próprio rabo parece uma excelente medida.

E quanto a essas gentes insipientes que ferveram os cús no pagode eleitoral querendo algum tipo de apoio ou aliança. Dou na cara! Esse tipo de sociedade não pratico nem no pôquer, nem na literatura, nem na fila do banco, ou em lugar algum. Volte miudinho pro seu protocolo zumbi. Que agora começa o nível hard do game Brasel 2015. 


Sigam-me os bons! Só os bons! Já dizia Chapolin.

Escrito por Katyucha Souza Ramos

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

CARTA BOMBA!

Pra quem você enviaria uma carta bomba?
Eu sei bem pra quem. Sempre soube o tipo de gente que merece esse presente de grego. Listo nomes se precisar, mas para o bem de minha pouca e resiliente saúde mental, é uma lista bem pequena. 
Uma carta, de remetente certeiro. A bomba dentro como uma dissolução precisa. Gentes que merecem desaparecer daqui, desse planeta, dessa galáxia, desse universo, de preferência rápido, de preferência sem deixar rastro.
A carta bomba não é coisa pra inimigo. Definitivamente não. Assumindo o risco prepotente de afirmar que não tenho inimigos, apesar de não ter encontrado equivalente oposto à altura, nem almejo tal fato, reconheço que inimigo é um ser que se destrói olhando nos olhos, devagar, criteriosamente, de modo calculista. Com o respeito antônimo que a disputa equânime exige. Ter inimigo cansa absurdamente, exige vigilância constante, concentração e inteligência.
Quero não. Basta-me o boicote maldoso de minha própria e rasa consciência.
Envia-se uma bomba pra quem você quase despreza. 
Pra quem te atrapalha, apesar de você o fazer insignificante na sua história. Pra quem insiste em chutar sua canela principalmente quando você está mais distraída. Pra quem faz cosplay de pedra no sapato. De pimenta na retina. De farpa debaixo da carne da unha. De furúnculo na curva da coxa. Faz dublê de hemorróida inflamada. De diarréia na casa do namorado. Enfim, em quem insiste em morder sua paz toda vez que a receita estava ficando redondinha.
Por mais que você cague para este tipo de gente, às vezes por conta de uma inconveniência quase expert, eles te fazem cagar pra dentro!


Carta bomba é pra gente tão insípida, que tem que ser anônima.
Não tem declaração dramática, não se perde tempo explicando o motivo, não se justifica. Nem se registra.
Se envia.
O espírito suíno digno da carta, vai abrir o envelope em nome do complexo covarde que sempre está num extremo da régua: Coitadismo vitimado ou superioridade não valorizada. Acreditando sempre que a culpa é do outro e que a justiça vai chegar pra reparar as imensas maldades dos algozes que o cercam.
Ele não vai perceber a ausência de remetente porque não enxerga bem com os olhos, uma vez que só vê bem o umbigo.
Ele não vai desconfiar da intenção, porque é obtuso de bom senso e respeito próprio.
Ele não vai perceber a cilada, porque não é capaz de analisar coisa alguma.
E tomara que morra!
Assim, sem ter tido oportunidade de abraçar mais uns dois ou três pra morrer junto ou apontar as entranhas destroçadas no bolo de comemoração do outro e tentar ao menos estragar a festa. Típico de um pau no cú desses.
Morra incógnito, ausente da brecha de importunar quando mais queria.
Toma aqui sua carta. Seu puto(a)! Que se exploda!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Feitiçaria


Eu lancei um feitiço sobre tua vida. E abstraí dela a vantagem que alimentará a tua sabedoria. E o revés é que ao se perceber sábia o suficiente notará que a juventude já estará subtraída.
Eu coloquei um feitiço sobre a tua visão, de modo que acordarás cega nesta vida, e quando voltares a enxergar, gradualmente, será principalmente pelo terceiro olho. Então não somente verias o óbvio, como principalmente o essencial e o invisível. Entrementes, assistirá sem demora ao velório de tua inocência.
Eu enterrei um feitiço de cura bem fundo na sua’lma. Porque se no decorrer de sua jornada você tiver se machucado de propósito, ter-se-há de cavar bem fundo e inevitavelmente encarar suas entranhas. E saberá que lá no confronto escatológico irrefutável de suas estranhezas encontrará alívio.
Eu tatuei um feitiço na tua memória, para que na coragem de se desvelar bicho, rabiscasse na pele a jactância do saldo consciente de nunca mais passar desapercebida pela oportunidade. Outrossim conhecerá a partir daí o constante dissabor de ser encarada com invídia pelos que não têm o mesmo arrojo.
Eu amarrei um feitiço nos teus “outros”, de modo que ao encontrá-los lembrar-se-há do conforto dos laços que os cercam e das virtudes que se reafirmam quando se reforçam tais vínculos. Adversamente o mesmo feitiço amarra tuas inconformidades nas dos que não te assumem  e enquanto não desatar os nós de alguns desses laços perturbadores, outros se romperão contra sua vontade.
Eu deitei vários feitiços no papel e espalhei a tua volta como aviso. Eles estavam nos seus livros preferidos, nas tuas poesias prediletas, nos cartões, bilhetes e agendas...

E ao teu redor enfim. Mas todos eles aguardam o beijo das tuas palavras e o encontro do teu olhar e ao dizê-las você os reconhecerá e se apropriará, porque são teus. Mas de vez em quando o conhecimento alienará as tuas certezas, porque o conhecimento é um peso maior a se carregar na ciência do caminho. "Ferre verbi"
Eu enfeiticei o teu destino para que não caminhasse dispersa pela vida e deixasse de notar a magia que te cerca. "Fiat lux" .E te libertarei do meu feitiço quando se por consciência, encantamento e honra viver intensamente cada aspecto de sua existência reconhecendo que o prejuízo de cada escolha é parte do processo de evolução, mas se conformar com o prejuízo simplesmente é não passar para a próxima fase...
Ao saltar lembre-se que a diferença entre o salto e a queda é a lucidez da perspectiva.
Felix qui potuit rerum cognoscere causas / lat Feliz o que pode conhecer as causas das coisas.

Escrito por Katyucha Ramos e dedicado carinhosamente à amiga também escrevetriz Lílian de Castro



segunda-feira, 28 de abril de 2014

O saldo da minha estima avariada é o óbito da minha empatia...

Pegou a carta que eu escrevi e limpou a bunda com ela! Não era uma carta qualquer, era uma declaração-contrato com premissas bonitinhas de apreço e bem querer. Arrancou a rosa do vaso e rasgou-lhe a cor com os dentes, naquela hora do rompante avesso deitou o cristal do recipiente violentamente no assoalho, os cacos se perderam nos cantos, com pontinhas enterradas nas dobras mais íntimas da minha ingenuidade.
Fiquei olhando sem entender a ofensa e o espanto transbordou no meu olhar uma nascente.
...
Minha dignidade encolheu. Voltou dentro de um bolso, muito tímida.

Gente que não dá valor a verdadeira amizade, cega, anula, castra a importância da oferenda. E depois os faniquitos fleumáticos chegam querendo suavizar o imponderável. 

Tentou recuperar a carta, mas a mensagem se corrompeu. A rosa estava morta e pedir desculpa para o vidro despedaçado não o faria recomposto. 

Mudei a certeza de lugar pra limpar a bagunça.

A confusão que sobra quando uma amizade é interrompida, é sempre maior pra quem valoriza a sutileza do presente.
É fundamental saber que quando um sentido se confunde, confie num outro...

O essencial é invisível aos olhos, mas aos outros sentidos jamais! 

Katyucha

domingo, 6 de abril de 2014

Almorróida Gêmea

Porque Romeu e julieta é o romance mais lembrado como referência de intensidade numa relação amorosa? Se você respondeu que é porque eles morreram de ou por amor, está tão equivocado quanto as adolescentes semicegas que enxergam alguma beleza no neymar... Romeu e julieta são a representação mais fidedigna de que tudo que é intenso e bom dura pouco! (merda isso!!!) pra falar bonitinho, esse romance demonstra a genialidade de Shakespeare, meu amigo literário imaginário, em representar a efemeridade de uma relação perfeita, de uma entrega que era tão equânime e densa que teve de cessar. (verso da mão na testa, inclinação 40° da cabeça sentido céu, leve franzir entre as sobrancelhas, olhar pesaroso de pose dramática e corta!)
Porque falar disso é importante?
Não, não é.
Mas é que a longevidade de uma relação é Simplesmente um tema xavão que um cronista lírico nunca deixa de ensaiar e a essa regra não me furtarei.
Os grimm não descobriram a fórmula do sucesso no “era uma vez” e sim no “E foram felizes para sempre”... poupando a sua legião de leitores da verborragia de d.r.* e páginas sem fim do intento malogrado de cada princesa e príncipe em suas irritantes e talvez insustentáveis vidas conjugais...
O príncipe não teria se tornado um podólatra tão eficiente não fosse a interrupção abrupta no romance tão promissor com aquela loura charmosa que dançava o lepo-lepo tão bem chamada cinderela e que, oportunamente, teve de fugir logo na hora do “vamo ver!” (espertinha essa fada madrinha, aposto que era a conselheira amorosa mais requisitada do reino)...
A alvíssima Branca de Neve nunca teria encontrado um parceiro tão promissor em sua saga beata cantarolando virgindade no jardim e ainda continuando virgem depois de se juntar com sete pouco viris miniomens, não tivesse a sua madrasta levemente a envenenado forçando o encontro perfeito entre um necrófilo de sangue real e uma princesa de aparência cadavérica e acrescentando o tempero da impossibilidade da relação como o fator mais atraente, reafirmo que não teria de fato se dado bem essa albina do caralho!!!

Dos contos de fada ao cinema, a vida segue mimetizando a arte. A chave está em não poder, na interrupção, no findar atômico em pleno auge e latência da sensação endorfílica que a paixão provoca.
Quero ver a resistência da cama compartilhada, da comida dividida, da rotina  consultada... quero saber na hora do egoísmo abcesso inflamado, da mágoa furúnculo que o outro ao envés de tratar tenta espremer! Da provocação que vem no momento onde só cabia a desculpa.
Eis a dica que as histórias que adoramos nos dão: termine no auge do sentimento. Se for capaz!
tremam os queixinhos porque eu vou parir o melhor conceito de todos sobre o matrimônio:
Eis que o casamento é uma hemorróida que vez em quando estufa e às vezes arrebenta. Sempre incomoda, mas tem gente que passa a vida inteira com e ainda vive bem. Já outros extirpam de vez, porque os cuidados que devem ser guardados para que ela vez ou outra não se inflame torna-se inaceitável.

Taí minha definição e é a melhor que eu tenho. Mais tenso que isso é só afirmar o quanto sou feliz com a minha hemorróida. E não vem achando que viver sem hemorroida é mais fácil, a chave da eternidade amorosa não é o evitar e sim o interromper. O momento em que as flores mais exalam perfume são as poucas horas depois de serem interrompidas. Depois disso elas secam e antes murcham. Atrelamos o nosso conceito de felicidade na vida a dor desde que nascemos. Nascer é dolorido. E explicar isso é ainda mais complicado.
Hoje minha hemorroida está inflamada, coisa besta que fiz e que comi, inchou um pouco, cuido pra não piorar e deixo que melhore com o tempo. As vezes, tenho que empurrar com a mão pra ela voltar pro lugar, embora necessário é sempre desagradável. Mas não se engane, um mínimo de esforço é sempre necessário! O não fazer nada nessas horas é a mesma coisa de achar que um touro não vai te atacar porque você é vegetariano.
 Aí eu aguardo minhas varizes emocionais pararem de latejar pra anestesiar a dilatação do outro com beijos e desculpas. Mas agora, confesso estou escatologicamente pouco romântica.

*dr: discutir relação/mas dr: deixar ruir é melhor!

Escrito por Cocô Ramos, ou assim pelo menos me sinto.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Das lorotas que me beijam, prefiro a sua que me seduz...

Ela balança as madeixas louras, sabe que estão irresistíveis: aplique.
Ele simula o sorriso perfeito para o espelho: é implante.
Ela arruma o bojo para adornar as mamas assimétricas afim de salientar as próteses, enquanto ele verifica o condicionamento de seu olhar esverdeado nas belas lentes de contato recém-adiquiridas.
Ela sempre afirma ter 1,70, mas isso inclui o salto. Ele sempre fala do abdômem sarado, mas nunca da lipo.
As unhas e os cílios dela estão continuamente impecáveis: postiços. Sua cintura tem dezoito centímetros e para isso duas costelas a menos.
Aos quarenta ainda não tem nenhum fio branco: química. E a postura dele é sempre ereta no paletó: ombreras.
Vestido bem justo para disfarçar o culote.
Gravata para ocultar o gogó saliente.
A pele do rosto dela é aveludada: lifting.
O furo no queixo dele é projetado: cirurgia.
O nariz dela é empinado: plástica.
Nenhum fio encravado de barba sob o pescoço: laser.
Boca e feição feminina perfeitamente harmonizados: maquiagem.



Se encontraram no interregno das escadas rolantes de um shopping. Olhares cruzados até o fim. Foi ele quem subiu de novo. Mas foi ela quem se aproximou. Se encararam mais um pouco. As vaidades calcularam-se equivalentes. 
Ele fingiu desinteresse. 
Ela simulou indiferença.
Estava decretado o teatro banal da conquista-aleatória. Falso paradoxo.
Ela quer, ele deseja... mas ninguém admite.
Examinam o valor de cada palavra publicada a seu próprio favor, mesuram os gestos, orçam fabulosas propagandas emocionais que agregam ainda mais valor ao físico esmerado... 
Mas a versão atualizada é sempre mais interessante... 
Ele se distrai acompanhando o desfile de uma interpretação fêmea de aproximada graça...
Ameaçada ela derrama a mais atraente das farsas:

__Tenho 23! - (anos) revela.
__Eu também tenho 23! - (centímetros) emenda ele.

O amor pode ser cego, mas ouve muito bem! E adora elogios persuasivos...
Selaram compromisso ali. As alianças são mentiras agradáveis que oferecem um para o outro. Couberam e continuam servindo perfeitamente. Estão muito satisfeitos até hoje. Como não se lembram da data correta comemoram o aniversário de namoro todo 1° de abril.

Escrito por Katyucha Ramos






quinta-feira, 6 de março de 2014

A Bilunga Wi Fi

Eu entediada em casa quando brota uma grana, partiu shopping comer até o óbito. Que comecem os jogos! Vorazes mesmo eram minha fome e esse meu jeito escalafobético de me expressar. Vestes: vestida. Quero dizer com isso que o tipo da roupa era tão desinteressante quanto a necessidade da descrição do traje. A gente não se arruma pra ir ao shopping quando ele vira refeitório, entra no primeiro paninho que encontra limpo.

Pra pedir comida fui chamada de Senhorita. Olhei pra trás pra procurar a tal senhorita, mas era apenas eu lá, uma ogra despenteada com uma fome de fugitivo. Desopilado o tesão oral, me senti pronta para apreciar outras taras, uma escrota por tecnologia como eu, achou que estivesse preparada para namorar um smartphone, protótipo internáutico de última geração, admirá-lo na vitrine interna da loja, dar um beijo e me despedir, mas quando eu estava colocando um cobertor nele e pondo pra ninar, o mentecapto do alarme de segurança desperta alucinado! Cabeças e cabeças cataclísmicas em minha direção. O reino dos suricatos se voltava pra mim! Xêssus! Veio um ânus bípede e desligou os gritos dele. Mas eu continuei em contrações múltiplas. Eu que parecia grávida de sêxtuplos de tanta comida em meu âmago, saí sem dirigir nenhuma palavra a ninguém, porque quase gorfei. Voltei pra casa miúda, hash tag ressentida! Não dá nem pra gestar em paz as vontades que a mídia inventa pra gente saber que sempre quis!

Outro dia, chega em casa uma fatura do cartão, partiu pro shopping again pagar essa caralhuda! Vestes: vestida e de salto alto. A farda continuava lacônica, já o salto é que tenho que treinar a marcha extravagante para a formatura. Nem tão entulhada de resíduos fast food, fui abraçar o mesmo celular. Hoje analfabeta do complexo Dona Redonda, o susto do refluxo era muito recente. 
Antes de entrar: "boa tarde, posso ajudar a senhora em algo?" Perguntou o vendedor suricato. Fatura paga, crédito liberado, acabei comprando uma bilunga Wi Fi qualquer. Mas enfim pude masturbar o protótipo sujeito do meu desejo à vontade e colocá-lo para dormir na posição que eu bem quis. Até postei foto do bonito com a desculpa de testar a bilunga recém-adquirida. Não sei se me senti mais otária do que fiz os outros, ou os dois, mas o fato é que mesmo contraindo dívida com o cosplay phone mais fuleiro, foi melhor do que sair com as mãos abanando e o ventre revirado da vontade de ter sáscoisa que a gente só vai conseguir comprar quando tiver outro que for mais desejado ainda!

Botei a libido aquisitiva pra dormir em berço nada esplêndido, classe C de “Compra o que dá”, classe C de Curra, porque é um cú gostar do que é bom e só poder levar o que lhe enfiam, classe C de Comida porque é uma bilunga apreciar de um tudo e só poder levar quitado de fato o que lhe couber no estômago.

*Este texto é uma homenagem a variação linguística inusitada, deliciosa e ácida de duas amigas internáuticas chamadas Camila Isaac e Mylanne Mendonça e a todos os leitores necromantes ávidos, que por conta de sua paixão viva pela língua, conseguem entender, aceitar e ressuscitar a diversidade no contexto da linguagem sem comprometer os efeitos de sentido! Um salve a vocês!

Mal escrito e compilado por Katyucha Ramos

domingo, 2 de março de 2014

Kamiquase

Somos amantes constrangidos. Eu e ela.
Como o sol e a lua se fitando sem nunca poder consumar. Ela se aproveita de minha fraqueza pra ficar, e ficando me obriga a lhe amar. Eu contrafeito me deixo, me acostumo, justamente por esquecer que gosto havia em saber exatamente onde estavam os beijos que pacificavam minha’lma. É uma relação desgastada desde o começo, me vencendo pelo cansaço de uma insistência doentia!
Ela faz isso. Deixa minha libido insípida. Minha vontade incolor. E minhas lembranças inodoras.
No primeiro dia eu esperneio. Tomo um trago, mando embora. Falo alto. Bato o pé, aponto a porta. Ela e sua intervenção psicopata nunca se comovem. Sabe que se eu faço isso, se me anulo desde o início, o convite é coisa certa, é pra morar.

Então me cerca por dois ou três dias sem se aproximar muito, mas depois me abraça enforcado. Dali não sai mais...
Eu demoro mais a ceder, mas por fim eu a abraço sem reservas à noite, exausto, principalmente aos Domingos.
A relação é encalcada, a compainha é coagida, mas assim prostamo-nos, depauperado, ali estou condenado ao anseio amputado de felicidade no outro.
Ela anula minha noção de companhia. Me inibe, me extenua, me assola e por isso permanece.
Sempre muda. Sempre fria. Sempre imparcial. Não preenche nenhum espaço. Desdenhosa, entorpecente. Não significa. Nunca se ressignifica. Não movimenta. Me irrita com seu humor bipolar e sua companhia é como a descarga de choques mínimos só pra lembrar que está ali, é energia que não conduz. E só vai embora quando questionada, sobre a validade de deixar-se conduzir pela solidão de ser insistentemente ignorada. Some quando percebe que é mais incômoda que a ausência da outra...

Mas volta, porque ainda que rejeitada é a única entidade feminina que pode ocupar o vazio e por vezes chega em nome daquela que eu amo mais que a mim mesmo. Amo e que eu não ouso pronunciar o nome justamente pra não aumentar a autoridade dessa amante usurpadora.

A que fica, desgostosa, se proclama Saudade e tem gosto quase. Não sacia e nunca satisfaz... Só quem já esteve com o primeiro lugar e o perdeu no último segundo sabe o gosto que tem... quase ter chegado lá! 

Escrito por Katyucha Ramos
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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

FOCO, FORÇA, "FAIL"! Gorfando revoltices...

Raiva desse negócio de FOCO, FORÇA E FÉ! - Puta que la merda com esse clichê desgraçado. Se você vai adotar três "EFES", adote algumas opções criativas... 

Afinal existem em média três a dezessete palavras sinônimas na porra dessa Língua Portuguesa (Não incluindo as palavras esdrúxulas, de baixo calão e os neologismos). 

Na dificuldade, consulte o GOOGLE, substituto do dicionário impresso e novo pai dos burros, cuja média temporal de pesquisa é, igualmente, de três a dezessete segundos dependendo do seu navegador*.

Prognóstico tá-na-cara: gente que fica postando essa disgreta, é pária social revoltadinho ou cosplay de rapper estadudinense frustrado. 



Pára de postar SÁMERDA!!!

FICOU FÁCIL FILHO(a)-da-puta? 

Se tá difícil ter foco, problema seu, vai tomar Ritalina porque deve ser TDHA, se tá faltando força vá malhar e se te falta Fé, morra!!! Porque a base da vontade humana pra levantar da cama e ralar é Fé em qualquer bagaça inclusive Deus-papai-noel, Papa, Fada do Dente, espríto, pai do mato e "o carai de asa" que você queira acreditar!




quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Ho’oponopono

A vida é breve, imprevisível e perigosa. E justamente por isso consigo ver de longe o quão vantajoso é torná-la mais divertida e intensa de se experimentar.
Aprendi a reconhecer de longe as pessoas que assim como eu não se furtam aos sorrisos. Gosto de desfrutar das risadas que os desatinos me proporcionam, rir é visitar os canteiros da alma de uma pessoa, e cuidar do meu próprio jardim é a forma mais simples de provar com inocência de que sei da complexidade do mundo, mas sinalizo que apesar disso está tudo bem!
Saber que a vida passa rápido demais, mas ousando ser feliz podamos, desse modo, estrategicamente as asas do tempo e do tal de destino que nos carregam sem rumo. Carpinejar afirma que “os pássaros não olham pras suas asas enquanto voam” e para mim a frase alimenta minha fúria de viver atrevidamente do meu jeito, ainda que desconfiada das obviedades escondidas na escuridão dos atalhos, não sofro do mal de me subjugar aos temores.

Se eu tiver que passar por celeumas mais complicadas, e caso eu tenha que buscar algo que não esteja ao meu alcance, que eu o faça com honra e cabeça erguida, provavelmente vai me encontrar descalça, dançando e fazendo piada do que não tem mais jeito.
Por que do que vale morrer mais todos os dias se não for ao menos ao meu modo? Como roteirista se não posso alterar o final, farei do processo uma narrativa bem mais interessante, impregnada de identidade.
Identidade não é só foto e digital. O que identifica alguém são determinadas características que esta pessoa adota frente aos enfrentamentos diários. Nós não chegamos a conversar sobre, não me confessastes detalhes sobre o teu êxodo, mas o que nos identifica, cara amiga, é a ousadia moral de experimentar viver o novo intensamente. Continue não se furtando a espalhar seus sorrisos e se entregar nas relações...
Eu brindo ao atrevimento e a beleza que ilumina seu sorriso ainda que a um oceano de distância. Ho'oponopono é um método de internalização e meditação havaiana que proporciona autonomia de cura através da construção da identidade livre do indivíduo. O texto já estava pronto e quando vi a foto, procurei uma legenda na internet, quando me deparei oportunamente com a expressão em questão, que parece ter sido feita para este.

Ho'oponopono pra você, porque seu pensamento molda sua realidade!

(Este texto é dedicado a uma amiga muito corajosa que foi deliciosamente desfrutar-se no Hawaí)


Abraços muitos!

Katy

sábado, 4 de janeiro de 2014

Os descontroles passionais diligíveis...

A gente sabe quando o texto é bom quando pára no meio dele pra refletir sobre o quão profunda e verdadeira é a mensagem ali contida. Morde o lábio inferior, caminha os olhos pra direita, mira o nada, sorri abobado, às vezes franze a testa. Aí a gente corre de volta pro texto, só que todo embaralhado de vontades.


Pra quem não se lembra, textos podem ser verbais ou não verbais.
Gosto dos dois.
Mas em ambos, os menores significativos me encabulam mais. Os menores textos verbais: os sutras, os haicais, as mínimas... Não apontam receitas ensinando compactar epifanias, mas vez em quando elas brotam sucintas!

"A mulher deseja ser adivinhada" - Carpinejar
"Uma vida não questionada, não merece ser vivida!" - Platão
"A vida se resume a som e fúria" - Shakespeare
"Em estado de dúvida, suspende o juízo!" - Pitágoras
"Conhece-te a ti mesmo..." - Aristóteles

Já o menor texto não verbal, na minha opinião é aquele em que você consegue dizer tudo com um olhar. E quando isso acontece você entende a extensão da intimidade.
Dos textos menores eu tenho um tipo preferido. Gosto quando lembro “da gente”, aperto os olhos e sinto os joelhos vacilarem. Essa sensação me desvela totalmente...

Eu disfarcei a vida inteira escrevendo cartas de amor... Escolhendo as palavras, saboreando o beijo delas no papel. Não eram pra ninguém. Desenhava os desejos no papel como quem tenta se distrair até o convidado principal chegar.
Eu o provoquei. Fiz de conta que estava ocupada pra não parecer ansiosa. Ensaiei mil declarações...
Mas quando o amor chega, a gente simplesmente percebe que as mensagens longas são desnecessárias!

A primeira vez que ele disse “eu te amo!” soou como um texto que dura a vida inteira. E depois bastava lembrar pro texto inteiro vir à tona de novo. A saudade é diligente, traz rapidinho essa sensação.

Amar assume o despropósito de se explicar tudo.


Na linguagem do amor a abreviação é o strip-tease da relação.

Katy