Frequência é uma grandeza física ondulatória que indica o número de ocorrências de um evento (ciclos, voltas, oscilações, etc.) A Alta Frequência é uma corrente de elevada intensidade destes, uma frequência de muitos milhões de períodos por segundo. A minha condição condutora, como ser feminino, inconstante, sanguíneo e passional que sou, é vastamente ampla e assimetricamente alterada no que se refere as paixões que vem de dentro - já dizia o vovô, TDHA 220 volts, Alceu...
Eu
amo incoisificavelmente muito! Eu gosto inclassificavelmente demais! Me jogo
perigosamente total! Conhece aquele livro “Mulheres que amam demais”? Pois é,
provavelmente trata-se de uma bula da minha pessoa. Sabe Cazuza, o exagerado?
Então, chegado meu nessa megalomania de amar absurdamente. No meu epitáfio quero:
“Aquela que amou até a morte, mais do que tinha pra morrer”. Hipérbole
condensada, dramática, tão eu! Eu e essa mania insana de não desejar simplesmente alguém que
me complete, mas sim alguém
que me transborde, me inunde completamente até o final.
Mas só que esse negócio de ser uma máquina desgovernada de amar, me fode!!! Nunca diferenciei os cogumelos venenosos dos sadios e daí, como descobrir o que mata sem morrer aos pouquinhos provando?
Eu
carrego comigo um sorriso gasto e a ladainha pronta pra quem me questionar que
“vencer”, “encontrar”, “estar certo”e “compatibilizar” são perspectivas
ilusórias em relação ao amor. Ganha
mesmo no amor quem não quer ganhar. Encontrar o amor é coisa de cinema, na
vida real a gente ama o que tem, escolhe amar quem nos convém. Não existe outra
certeza além da finitude de todas as coisas e é compatível conosco apenas
aquilo que aceitamos de verdade, é isso! E não o que alguma energia etérea
venha determinar por meio do destino ou de qualquer besteira sobrenatural do
tipo (E com isso eu não estou afastando o misticismo que há em amar e ser
amado, apenas quero exaltar que 90% da coisa é prática) Sim, amar é uma prática. Quem não se
importa em se despir, entregar-se, se desvelar ama de verdade, ama sem
frescura, sem nota no rodapé, sem
contrato. E ainda consciente disso, ainda sim já fiquei nua em argumentos
para justificar alguns desencontros que tive por dentro. Porque esse negócio de
se relacionar é indecifrável. E definitivamente melhor tentar definir o abdômen
do que uma relação saudável.
Mas
não, eu não desistirei da prática de amar
condensado só porque as
coisas ficam difíceis no relacionamento. Não, eu não desistirei de amar
desiquilibradamente. De arrebentar as caixas em que teimam me colocar. De
teimar pra que o meu peito desenvolva argumentos melhores pra amar mais. De
cutucar, de esbarrar, torrar o saco, ensaiar encontros, não desistirei do seu
gênio difícil, de contrariar as expectativas, de fazer drama pra depois cair na
comédia. Por saber que o tesão de verdade é exclusivo e que o sexo pede a
provocação do conflito. Não
desistirei de provocar.
Não,
eu não desistirei de amar sem vergonha, desorganizado, descontrolado e Confuso.
É confuso porque não faço planos nem contas, não fico controlando o ritmo. Não economizo amor pro mês
seguinte...
Alta
Frequência, embora não haja paz no tipo do amor que sinto! Medo constante de
perder os amigos, de apertar demais as declarações e estragar o suco da boa
amizade, de estrangular a respiração ao ponto de entrar em apneia. Até minha
ansiedade é amor. Eu sofro naturalmente de inconveniência pra entender as
delicadezas do sentimento que o outro reserva. O fogo da minha fogueira não
chega a amanhecer porque queima ardentemente rápido. Eu tenho uma rixa com
o bom senso. Arde em mim uma ânsia de ser feliz maior do que consigo expressar
com a minha coordenação motora. Sinto-me assaltada pela vontade de abraçar e de
me repartir, de me fazer querida e notada, é tão voraz que assusta! Pareço
agressiva, mas é intensidade, é apenas exagero. Eu revelo minhas desgraças com
humor e conto algo engraçado como se fosse tragédia. O riso e o choro são
abundantes em mim. Cumprimento as pessoas como se estivesse me despedindo. Eu
guardo também o direito de fazer promessas de amor que talvez nunca sejam
cumpridas, porque não há graça nenhuma em articular apenas aquilo que se pode
medir e palpar. Eu antecipo o
“eu te amo”, só pra depois amar por teimosia e provar que era de verdade.
Por fora já desisti, enquanto por dentro sempre encontro motivo pra recomeçar. Eu vou pela esperança da volta. Eu
amo pela esperança de amar de novo e de novo...sempre.
Amando
em alta frequência eu gastei todas as minhas utopias na paixão e todas as
minhas energias no exercício realista de manter o amor. O que sobrou sou eu.
Sou
aquela que ama tão intensamente que ‘ser uma pessoa melhor’ chega a ser uma
ofensa pra mim, desejo ser a pessoa necessária, a preferida, a mais especial.
Uma faixa de modulação única na mais alta frequência. Porque somente os grandes
riscos reservam grandes emoções.
Câmbio
desligo.
Mal
escrito e compilado por Katyucha Souza Ramos
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