quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Amando em Alta Frequência...


Frequência é uma grandeza física ondulatória que indica o número de ocorrências de um evento (ciclos, voltas, oscilações, etc.) A Alta Frequência é uma corrente de elevada intensidade destes, uma frequência de muitos milhões de períodos por segundo. A minha condição condutora, como ser feminino, inconstante, sanguíneo e passional que sou, é vastamente ampla e assimetricamente alterada no que se refere as paixões que vem de dentro - já dizia o vovô, TDHA 220 volts, Alceu...

Eu amo incoisificavelmente muito! Eu gosto inclassificavelmente demais! Me jogo perigosamente total! Conhece aquele livro “Mulheres que amam demais”? Pois é, provavelmente trata-se de uma bula da minha pessoa. Sabe Cazuza, o exagerado? Então, chegado meu nessa megalomania de amar absurdamente. No meu epitáfio quero: “Aquela que amou até a morte, mais do que tinha pra morrer”. Hipérbole condensada, dramática, tão eu! Eu e essa mania insana de não desejar simplesmente alguém que me complete, mas sim alguém que me transborde, me inunde completamente até o final.

Mas só que esse negócio de ser uma máquina desgovernada de amar, me fode!!! Nunca diferenciei os cogumelos venenosos dos sadios e daí, como descobrir o que mata sem morrer aos pouquinhos provando?





Eu carrego comigo um sorriso gasto e a ladainha pronta pra quem me questionar que “vencer”, “encontrar”, “estar certo”e “compatibilizar” são perspectivas ilusórias em relação ao amor. Ganha mesmo no amor quem não quer ganhar. Encontrar o amor é coisa de cinema, na vida real a gente ama o que tem, escolhe amar quem nos convém. Não existe outra certeza além da finitude de todas as coisas e é compatível conosco apenas aquilo que aceitamos de verdade, é isso! E não o que alguma energia etérea venha determinar por meio do destino ou de qualquer besteira sobrenatural do tipo (E com isso eu não estou afastando o misticismo que há em amar e ser amado, apenas quero exaltar que 90% da coisa é prática) Sim, amar é uma prática. Quem não se importa em se despir, entregar-se, se desvelar ama de verdade, ama sem frescura, sem nota no rodapé, sem contrato. E ainda consciente disso, ainda sim já fiquei nua em argumentos para justificar alguns desencontros que tive por dentro. Porque esse negócio de se relacionar é indecifrável. E definitivamente melhor tentar definir o abdômen do que uma relação saudável.

Mas não, eu não desistirei da prática de amar condensado só porque as coisas ficam difíceis no relacionamento. Não, eu não desistirei de amar desiquilibradamente. De arrebentar as caixas em que teimam me colocar. De teimar pra que o meu peito desenvolva argumentos melhores pra amar mais. De cutucar, de esbarrar, torrar o saco, ensaiar encontros, não desistirei do seu gênio difícil, de contrariar as expectativas, de fazer drama pra depois cair na comédia. Por saber que o tesão de verdade é exclusivo e que o sexo pede a provocação do conflito. Não desistirei de provocar.
Não, eu não desistirei de amar sem vergonha, desorganizado, descontrolado e Confuso. É confuso porque não faço planos nem contas, não fico controlando o ritmo. Não economizo amor pro mês seguinte...

Alta Frequência, embora não haja paz no tipo do amor que sinto! Medo constante de perder os amigos, de apertar demais as declarações e estragar o suco da boa amizade, de estrangular a respiração ao ponto de entrar em apneia. Até minha ansiedade é amor. Eu sofro naturalmente de inconveniência pra entender as delicadezas do sentimento que o outro reserva. O fogo da minha fogueira não chega a amanhecer porque queima ardentemente rápido. Eu tenho uma rixa com o bom senso. Arde em mim uma ânsia de ser feliz maior do que consigo expressar com a minha coordenação motora. Sinto-me assaltada pela vontade de abraçar e de me repartir, de me fazer querida e notada, é tão voraz que assusta! Pareço agressiva, mas é intensidade, é apenas exagero. Eu revelo minhas desgraças com humor e conto algo engraçado como se fosse tragédia. O riso e o choro são abundantes em mim. Cumprimento as pessoas como se estivesse me despedindo. Eu guardo também o direito de fazer promessas de amor que talvez nunca sejam cumpridas, porque não há graça nenhuma em articular apenas aquilo que se pode medir e palpar. Eu antecipo o “eu te amo”, só pra depois amar por teimosia e provar que era de verdade. Por fora já desisti, enquanto por dentro sempre encontro motivo pra recomeçar. Eu vou pela esperança da volta. Eu amo pela esperança de amar de novo e de novo...sempre.

Amando em alta frequência eu gastei todas as minhas utopias na paixão e todas as minhas energias no exercício realista de manter o amor. O que sobrou sou eu.

Sou aquela que ama tão intensamente que ‘ser uma pessoa melhor’ chega a ser uma ofensa pra mim, desejo ser a pessoa necessária, a preferida, a mais especial. Uma faixa de modulação única na mais alta frequência. Porque somente os grandes riscos reservam grandes emoções.

Câmbio desligo.


 Mal escrito e compilado por Katyucha Souza Ramos

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